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Ghost of Tsushima – Análise

5/5

Introdução

Os estúdios Sucker Punch estão em uma posição irônica: com InFamous: Second Son, a empresa foi uma das primeiras a abrir a atual geração de consoles, sendo este um título de lançamento do PlayStation 4. Agora, com a iminente chegada do PlayStation 5, a companhia retorna para fechar a linha que ajudou a abrir com Ghost of Tsushima, o último jogo exclusivo do console da Sony.
E tal qual se antecipava o hype, todas as expectativas foram muito bem respondidas aqui. Embora não esteja livre de erros e não tenha um gameplay único, Ghost of Tsushima se firma como uma experiência lúdica que o posiciona como um bom candidato a jogo do ano de 2020.

Premissa

Ghost of Tsushima é ambientado no ano de 1274, quando tivemos a primeira das duas invasões do Império Mongol no Japão. Fiel aos registros históricos, o jogo mostra como os invasores inimigos arrasaram a ilha de Tsushima, atropelando as defesas quase mambembes postas pelos habitantes da ilha, que se constituíam de alguns samurais e muitos pescadores e agricultores.
Aqui, houve uma preocupação da Sucker Punch em retratar o medo e as incertezas vividas pelos habitantes locais frente a um inimigo novo: por toda a ilha, os cenários muito amplos estão fragmentados por árvores em chamas, cadáveres largados em campos e estradas, pessoas enforcadas dependuradas em troncos grossos. E no meio de tudo isso, Jin Sakai, um samurai que sobreviveu a um dos encontros entre o exército japonês e as forças invasoras apenas para ver não apenas amigos, mas o seu próprio estilo de vida desafiados por algo que ninguém sabe exatamente como lidar.

JOGABILIDADE COM RESPEITO HISTÓRICO

Ghost of Tsushima traz, em seu gameplay, um grande apreço pela cultura japonesa. No papel de Jin Sakai, você, sua fiel katana e sua notável Tantō (respectivamente, a tradicional espada dos samurais e uma espada mais curta, comumente usada como último recurso de defesa em combate ou nos rituais de seppuku, o “suicídio pela honra”) têm o melhor dos dois mundos à disposição. Com a arma menor, os momentos de furtividade a veem brilhar em ambientes noturnos, assassinando inimigos desavisados que cometem o erro mortal de lhes darem as costas ou não vê-lo em um telhado acima, ou escondido na grama alta.

Já com a arma maior, o combate abre um leque de opções que varia muito conforme o contexto. Você tem o “stand off”, que remete aos clássicos duelos de espadas do cinema japonês, em que um único golpe finaliza o conflito; além dos confrontos um a um, relegados a chefões cuja narrativa justifica uma necessidade maior do que uma morte simples. Fora isso, o combate tradicional permeia a maior parte do jogo, com você enfrentando inimigos de variados estilos em combates que envolvem quatro posturas diferentes – cada uma mais adequada para os vários oponentes que você enfrenta.

O mapa pode ser um ponto crítico para o jogador. Dependendo do seu gosto, a magnitude da ilha de Tsushima pode lhe atrair ou lhe afastar, simplesmente porque há muito o que fazer aqui.

Ghost of Tsushima tem uma grande quantidade de materiais e localidades encontráveis, entre acampamentos inimigos, fortalezas japonesas invadidas, templos para reza, histórias e mitos que requerem uma missão especialmente dedicada a elas. Também há side quests voltadas a narrativas secundárias envolvendo seus amigos (que, aliás, não impressionam muita coisa em sua atuação), matérias-primas para a construção e aprimoramento de espadas, armaduras, arcos pequenos, arcos longos, mais munição… Ghost of Tsushima tem tanta coisa para ser feita que, em um jogo cuja narrativa principal fica entre 30 e 40 horas, você chega facilmente a 80 horas de partida e, ainda assim, pode faltar algumas coisas para você achar.
Por isso fica o aviso para dedicar um tempo às side quests deste jogo. Algumas parecem um tanto quanto forçadas, mas a maior parte pode lhe trazer recompensas bem interessantes.

NARRATIVA É O GRANDE TRUNFO

O maior trunfo de Ghost of Tsushima é sua narrativa. Um grande problema da condução dessa história é que apenas um ou outro personagem a carrega nas costas, enquanto outros coadjuvantes são apenas isso, coadjuvantes. Nomes como “Yuna” e “Senhora Masako” tentam trazer um certo impacto dramático, mas, apesar de todas as agruras vividas em suas histórias pessoais, as reações extraídas delas raramente passam de “Ok”.
Nem mesmo o vilão fictício Khôtun Khan (vivido por Patrick Gallagher) serve para trazer algum senso de infâmia. Permeados pelo jogo há relatos de interações dele com outros japoneses, que tentam esmiuçar mais o personagem como um homem sádico, porém inteligente e politicamente bem versado, mas mesmo as maiores atrocidades que ele comete trazem mais impacto nos atos em si do que o fato de ter sido ele que as cometeu.
Em compensação, o já mencionado Lorde Shimura leva o segundo e terceiro atos praticamente sozinho, e olha que ele aparece relativamente pouco. Já o conflito interno vivido por Jin Sakai e a forma como a progressão da história do jogo o vai mudando aos poucos, indo de um “samurai temente a um código de honra” para o “guerreiro que topa qualquer transgressão para derrubar seu inimigo” traz reações quase palpáveis do jogador.
Para quem curte uma história muito bem contada, mas deseja fugir do estereótipo ocidental de narrativa, Ghost of Tsushima é um prato cheio.

Screenshots

Game of the Year?

Ghost of Tsushima é um bom candidato ao prêmio de “Jogo do Ano” de 2020. Ele vai levar o prêmio? Provavelmente não, considerando que temos pesos-pesados como The Last of Us Part II e Final Fantasy VII Remake na jogada. Ademais, vale citar que a pandemia da COVID-19 nos privou de muita coisa nos games: Cyberpunk 2077, por exemplo, dificilmente chegará a tempo de participar da competição este ano, mas estaríamos falando a mesma coisa desta produção da Sucker Punch se a situação fosse diferente?É difícil dizer, mas nada disso deve impedir você de jogar Ghost of Tsushima. O jogo tem suas inconsistências e até alguns bugs facilmente solucionados por patches, mas, no geral, é uma experiência sólida, robusta e que traz um enorme senso de carinho e respeito da Sucker Punch pela cultura japonesa dos tempos do xogunato. Se cultura japonesa, histórias épicas e a possibilidade de conhecer um pouco mais da história real de um dos países mais avançados do mundo lhe apetecem, este jogo tem tudo isso.

Créditos

canaltech.com.br
voxel.com.br
eurogamer.pt

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